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Bancos de desenvolvimento deveriam ajudar a prevenir novas pandemias, dizem ONGs

Petição exige que bancos parem de investir em fazendas industriais para diminuir o risco de novas doenças


Mais de 10 mil pessoas ao redor do mundo assinaram uma petição online (https://www.change.org/BancandoPandemias), lançada pelas ONGs Sinergia Animal, Global Forest Coalition e Feedback, exigindo que as principais instituições financeiras internacionais parem de bancar a agricultura industrial, um fator-chave para novos surtos pandêmicos, desmatamento e mudança climática. A chamada, direcionada ao Banco Mundial e ao Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento, segue relatórios recentes das Nações Unidas destacando os perigos desse tipo de agricultura animal intensiva.


“Bancos de desenvolvimento deveriam estar ajudando a humanidade a criar um mundo mais sustentável e seguro, mas estão fazendo exatamente o oposto ao financiar as piores formas de agricultura animal. Essas instituições são financiadas através de nossos impostos na forma de contribuições de governos ao redor de todo o mundo. Nós estamos pedindo a eles que mudem e criem um futuro seguro para todos”, diz Carolina Galvani, presidente da Sinergia Animal, uma das ONGs responsáveis pela campanha.


Uma investigação feita pelo Bureau of Investigative Journalism e o jornal The Guardian descobriu que a Corporação Financeira Internacional do Banco Mundial e o Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento destinaram 2,6 bilhões de dólares (aproximadamente 146 bilhões de reais) para a criação de suínos, aves e bovinos, bem como para o processamento de laticínios e carnes, nos últimos 10 anos.


“Emprestar bilhões para essas operações pecuárias é prejudicial para nosso futuro comum. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente já alertou que, na agricultura animal moderna, animais vivem em ‘condições menos que ideais’ que podem ajudar a espalhar novas doenças, similares à Covid-19”, diz Carolina.


Fazendas industriais frequentemente têm condições insalubres, animais confinados em espaços superlotados e pouquíssima variação genética – não oferecendo resistência à propagação de doenças. Elas também implicam em grandes riscos para a saúde humana pois consomem grande quantidade de remédios: de acordo com a Organização Mundial da Saúde, em alguns países, 80% do consumo total de antibióticos medicamente importantes ocorre no setor animal. Isso significa que a agricultura animal contribui significativamente para a resistência a antibióticos, que já mata mais de 700 mil pessoas anualmente e pode levar a doenças mais fortes e potencialmente mais virulentas.


E a natureza está sofrendo também, alertam ativistas. “Especialistas estimam que o setor pecuário será responsável por quase metade do orçamento mundial para emissões de gases de efeito estufa até 2030, e 80% até 2050. Sem uma ação urgente, a indústria continuará a impulsionar a crise climática, levando a mais calor extremo, secas, inundações e pobreza”, diz Carolina.


A agricultura animal é a maior culpada pelo desmatamento tropical, de acordo com a NASA, já que as áreas desmatadas têm, exponencialmente, sido utilizadas para pastagens e lavouras para alimentação animal, como soja e milho. Enquanto isso, a ONU indica que, como 75% de todos os patógenos humanos emergentes são zoonóticos, atividades como desmatamento e invasão de habitat aumentam o risco de transmissão de doenças, colocando humanos e fazendeiros próximos a animais selvagens e os vírus que eles podem carregar.


“Bancos internacionais de desenvolvimento deveriam dar seu apoio financeiro a empresas que podem ajudar a construir um planeta mais verde e seguro para animais e pessoas”, diz Carolina. “Em menos de cinco minutos, as pessoas podem assinar nossa petição em https://www.change.org/BancandoPandemias e ajudar a prevenir futuras pandemias. Cada assinatura conta.”

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