top of page
Buscar

Campanha global aquece debate sobre impactos da aquacultura



A campanha global “Dia Mundial Pelo Fim da Pesca”, que informa os consumidores sobre a necessidade de haver um consumo mais consciente e responsável de peixes e outros animais aquáticos, está ganhando impulso no Brasil nesta semana. A ONG internacional Sinergia Animal lidera os esforços e fornece receitas e dicas de como substituir esses produtos por opções de origem vegetal para salvar animais e proteger o meio ambiente.


O evento, anual, está sendo realizado por outras 165 organizações ao redor do mundo. A campanha foi criada pela ONG suíça Pour l'Égalité Animale (PEA) — “Pela Igualdade Animal” em português — , em 2016, e neste ano foca nos impactos das fazendas aquáticas, sistema conhecido como aquacultura. No Brasil, a Sinergia Animal publicou um e-book gratuito com 15 receitas veganas inspiradas no mar. O material está disponível para download gratuito em sinergiaanimalbrasil.org/receitas-do-mar. Eles também publicarão materiais educacionais a respeito do tema no Facebook (facebook.com/sinergiaanimalbr), Instagram (instagram.com/sinergiaanimalbrasil) e Twitter (twitter.com/sinergia_br) durante essa semana.


“Muitos consumidores acreditam que a aquacultura é mais sustentável que a pesca em alto mar, mas isso é um grande engano. A criação de peixes, camarões e outros tipos de animais aquáticos pode na verdade ser ainda mais danosa, e também é responsável pela destruição da biodiversidade dos oceanos”, diz Aline Baroni, Diretora de Comunicação Global da Sinergia Animal, organização de proteção animal dedicada a lutar contra as piores práticas da produção animal em países do Sul Global, promovendo escolhas alimentares mais compassivas.


Até 1,1 trilhão de peixes são capturados nos mares todos os anos apenas para alimentar animais criados em fazendas aquáticas. Por exemplo, estimativas da indústria dizem que para se produzir 1 kg de salmão, peixe carnívoro, são necessários mais de 800g de peixes selvagens — e esse número não inclui a pesca acidental, outros animais marinhos capturados juntos com as espécies de maior valor comercial.


A sobrepesca é um tema tão relevante nos dias atuais que a Netflix está lançando um novo documentário, “Seaspiracy”, no dia 24 de março. O filme evidencia como a indústria pesqueira está intimamente relacionada com a redução da biodiversidade, tráfico humano, mudanças climáticas e outras problémáticas que impactam o meio ambiente e a segurança da própria humanidade.



A preocupante realidade dos peixes na aquacultura


Fazendas aquáticas respondem por 47% da produção total de peixes no mundo, e estão prestes a superar a pesca de águas abertas em 2024. O rápido crescimento preocupa cientistas e ativistas, que alegam que a atividade é prejudicial ao meio ambiente, arriscada para a saúde pública e cruel com os animais.


“Fazendas aquáticas frequentemente consistem em lagoas ou gaiolas, com água de baixa qualidade, onde peixes são expostos a doenças e deixados para serem comidos vivos por parasitas como piolhos do mar e fungos”, explica Baroni. Uma investigação lançada nesta semana pela ONG Compassion in World Farming mostra salmões com feridas abertas e cegos em fazendas escocesas, o terceiro maior produtor da espécie no mundo.



Para prevenir surtos de doenças causadas pelas condições insalubres das fazendas, a indústria pesqueira faz uso sistemático de antibióticos — prática que leva à contaminação da água e do solo tanto com os próprios antibióticos, como com bactérias resistentes, e também pode infectar diretamente a carne consumida pelas pessoas. Alguns estudos mostram que mesmo antibióticos banidos há mais de 10 anos de fazendas aquáticas em alguns países continuam sendo encontrados em seus produtos.


A questão ética é outro ponto problemático. “Peixes, animais comprovadamente capazes de experimentar uma série de sensações e emoções, são criados normalmente em espaços superlotados, onde não podem expressar seus comportamentos naturais”, afirma Baroni, mencionando que as altas densidades em fazendas aquáticas levam a brigas e lesões devido ao estresse. “Aqueles que não apodrecem até morrer são abatidos por meio de asfixia ou esfolados e cortados ainda vivos e conscientes, entre outros métodos cruéis”, completa.


A Sinergia Animal convida a todos que se preocupam com o impacto de sua alimentação no planeta a reconsiderar suas escolhas alimentares. “Depois de tomar conhecimento de todos esses fatores, é importante que as pessoas saibam que existe um caminho alternativo. Uma das melhores decisões que cada pessoa pode tomar para mudar essa realidade é deixar produtos de origem animal, incluindo os chamados “frutos do mar”, fora do seu prato”, sugere.

bottom of page