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Novo relatório do IPCC coloca fogo no debate sobre mudanças climáticas



O relatório anual do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado esta semana, está colocando fogo no debate sobre as mudanças climáticas. A entidade das Nações Unidas acredita que, a não ser que haja reduções imediatas e em larga escala nas emissões de gases de estufa, restringir o aumento de temperatura em 1,5°C ou 2°C será impossível.


Muitas das mudanças observadas no clima não têm precedentes em, no mínimo, milhares de anos, e algumas já são consideradas irreversíveis no médio prazo. “As mudanças climáticas já afetam todas as regiões do planeta, de várias formas. As transformações que estamos experienciando vão aumentar com o aquecimento excedente”, diz Panmao Zhai, coordenador do grupo de trabalho do IPCC.


São esperados aumento nas ondas de calor, estações quentes mais longas e frias mais curtas. Chuvas intensas causarão inundações, ao passo que muitas áreas serão afetadas por seca extrema. O nível do mar continuará a subir e os ecossistemas oceânicos serão ameaçados por uma combinação de aquecimento das águas e acidificação e redução nos níveis de oxigênio, alerta o relatório.


“É provável que isso leve a uma intensificação dramática das catástrofes deste ano, como as enchentes que mataram 209 pessoas na Alemanha e Bélgica e 33 na China, a seca na Califórnia, a segunda maior de sua história, e a onda de calor que matou 815 pessoas no Canadá. Há suspeitas de que esses fenômenos tenham relação com as mudanças climáticas”, diz Fernanda Vieira, diretora global de políticas alimentares da Sinergia Animal, uma ONG internacional que trabalha na promoção de escolhas alimentares mais sustentáveis como forma de ajudar a combater as mudanças climáticas na América Latina e no Sudeste Asiático.


Prevenindo ainda mais danos


O IPCC agora orienta que medidas fortes para mitigar as mudanças climáticas devem ser tomadas para prevenir ainda mais danos. Se o aquecimento global atingir 2°C, por exemplo, haverá impactos para a agricultura e saúde.


Pesquisadores estimam que a produção de alimentos é responsável por mais de um quarto das emissões globais de gases de estufa, com a pecuária e a pesca respondendo por 31% desse total. “Para diminuir essa pegada, medidas drásticas precisam ser tomadas, incluindo a nível individual. Uma das melhores coisas que uma pessoa pode fazer para melhorar seu impacto ambiental é reduzir ou eliminar o consumo de produtos de origem animal, que normalmente são os alimentos mais poluentes que consumimos,” diz Vieira.


Reduzir a produção e o consumo de produtos animais seria especialmente significativo para restringir as emissões de metano. O gás é uma das principais preocupações levantadas no relatório devido ao rápido crescimento de suas emissões, relacionadas principalmente aos setores de combustíveis fósseis e pecuária. Além disso, o metano tem um impacto 25 vezes maior do que o CO2 a longo prazo.


Quando se trata da pecuária, o CO2 é emitido principalmente por mudanças no uso da terra – por exemplo, o desmatamento para abrir áreas para pastagem ou cultivo de grãos, como a soja, para alimentação animal – enquanto o metano é predominantemente resultado da digestão dos animais explorados para consumo humano.


Cada quilo de carne vermelha produzido gera 60 kg de gases de efeito estufa (GEE); para fazer 1 kg de queijo, 21 kg de GEE são emitidos – 20 e 7 vezes mais, respectivamente, do que para produzir a mesma quantidade de tofu, por exemplo, uma fonte de proteína de origem vegetal. Enquanto a produção de 1 kg de leite representa 2,8 kg de GEE, o leite de soja emite apenas 1 kg.


A ONG Sinergia Animal convida todos para experimentarem hábitos novos e mais sustentáveis, como uma mudança de dieta para frear a crise climática. A ONG oferece um desafio de leites vegetais em que participantes recebem e-mails diários com dicas, receitas e apoio nutricional por 7 dias como parte de um processo para diminuírem ou mesmo deixarem de consumir leites de origem animal.





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